Meu filho, foi Deus quem te deu cor preta Na dúvida, amor, vem me perguntar, não sofre não É São Benedito o estafeta do Senhor É negra a madrinha dessa nação Meu filho, eu vou te levar na areia A mesma que viu bisavô chegar na escravidão Mistura-se África em cada veia do Brasil Mulato é o povo dessa nação Meu filho se orgulhe do teu cabelo e cor Não tenha vergonha de tê-lo, é lindo, amor Foi feito pra protegê-lo do calor Por tê-lo agradeça a teu pai Xangô Meu filho, se alguém te humilhar na escola Levante a cabeça como Mandela na prisão O sangue do Congo e de Angola, meu amor Fizeram a história dessa nação Meu filho, não tenha vergonha do teu pai Dos lábios que beijam tua mãe quando ele sai O negro que me fez amor como ele faz É o mesmo que me engravidou de paz Meu filho não é branca nem negra a escravidão O homem é escravo da própria dor Se torne, meu filho, um Zumbi de compaixão Grilhão já não faz distinção de cor Meu filho, escute, tua mãe é negra Que orgulho que tenho por ter em mim a escuridão A mesma do ventre que te hospedou, meu negro amor Do negro nasceu a iluminação Nem uma lágrima, Nem uma lágrima...