Ô meu velho Rio Itapecuru Como é triste te ver assim Na sua margem corrente Nascendo mato e capim Desmataram a beira do rio, o rio assoreou De areia e folhas cobriu, o seu interior No galho do jatobá, o sabiá triste cantou A tristeza invadiu o seu olhar, quando viu que a água do rio secou Dá sua nascente, até desaguar no mar Sem águas correntes, não tem forças para andar O rio que já matou, a fome e a cede de muita gente Hoje está cortado ao meio, estão interrompendo, às águas que vem da sua nascente O mandacaru, amanheceu coberto de flor Para avisar, que a seca no sertão chegou O Sol chegou, queimando a plantação do lavrador O camaleão se camuflou, com medo do predador Quando a seca chega é para preparar o sertão Os ventos semeiam, às sementes por todo chão O céu clareia, com os raios e ronco do trovão A chuva faz as sementes germinar e a vida brotar, de baixo do chão O canto do papa lagarta a noite é avisando que a lagarta chegou O patrão pede ao vaqueiro, para ver o estrago que ela deixou O vaqueiro diz ao patrão, que até o talo do capim ela devorou O patrão começa a chorar, quem chega para lhe acalmar é canto da rolinha fogo pago Eu nasci e me criei, nas terras do sertão Com sol e chuva trabalhei, no cabo do enxadão Tenho muitos calos secos, nas palmas das minhas mãos Os meus pés estão rachados, por causa da poeira quente do sertão O homem do sertão é castigado e sofrer Cresce com os pés no chão, não toma remédio e nem conhece doutor Moro em uma casinha de sapê, de barro batido a não Tem que plantar e colher, para comer a massa do pão Vida sofrida, do povo do sertão Falta água, falta comida, só não falta amor no coração Quando a seca chega, começa aflição A chuva cobri o cinza de verde e faz a vida brota do chão Antes do dia clarear, o três-potes cantou Para avisar, que a água do rio chegou Na beira do rio Itapecuru, o três-potes cantou Canta três-potes, torna cantar, canta para o meu amor Não João chegou Esta noite eu vou dançar, coladinho com o meu amor