Quando o sol causticante secar a cacimba, transformando em brasa vasta região Nada resta de umidade a não ser o pranto, que do nordestino rola pelo chão Seu olhar se perde muito além, lá do céu a chuva nunca mais vem, E triste o nordestino vai dormindo aqui, parando ali, na areia quente das estradas Até que sem vida um filho cai, lá deixa uma cruz fincada E nada mais, beirando a estrada, só se vê desolação, de seu sertão Só traz de verde a esperança de ainda encontrar nas trevas alguma luz Que possa tornar mais leve a sua cruz Quando a brisa da noite balanceia os galhos, como um espectro que ronda o sertão Vento que traz em seu canto, a melancolia de dias piores e desolação Uma estrela morta do céu cai, lá na estrada alguém a soluçar vai É o vulto de alguém que no sertão deixou seu lar, para iniciar a sua longa retirada Milhares de léguas de solidão, em busca da grande terra da promissão Chegando à terra que sonhou, chorando vê que tudo é mera ilusão E desenganos, sem forças já não consegue voltar pra lá, agora somente a morte o salvará.