Amanhece!é uma vida despertando, Olhando rostos, paredes , sem saber como nem quando Uns nascem em berços fofinhos, outros pobres iguais jesus Mas, bem ou mal é uma vida, que vê a primeira luz. É uma criança que sai da eterna noite do nada, E vai empreender na vida sua longa caminhada E começa lentamente a sua grande subida Pelos degraus sempre incertos, da enorme escada da vida. Chega-se aos sete anos, é quando se começa a viver É a idade do descobrir, é a idade do saber E agora já de pé ela vê em sua frente Atalhos, sombras, clareiras, mil caminhos diferentes É claro que quase todos preferem o mais perfumado, Oferece mais conforto e muito menos cuidado, Sem saber que ali na frente talvez ela encontrará, O abismo da derrota que em breve a destruirá. Mas a vida continua e prossegue a caminhada Pelas estradas da vida tão cheias de encruzilhadas Chega-se aos catorze anos, e começa nesta idade As primeiras ilusões, quanta luminosidade! É a juventude, e cada dia é uma rosa colhida Do ramo verde da esperança no lindo jardim da vida. Vinte anos. quantas luzes! tudo é belo, tudo é flor Quantos sonhos, quantos planos, é a idade do amor! E agora, daqui do alto pra vocês, jovens, eu falo Se acharem que estou errado, podem dizer, eu me calo Vocês notaram por quê é que justamente agora Quando mais se deveria sorrir, é que mais a gente chora? E sabem por que?porque agora somos obrigados a seguir O coração que se deixa tão facilmente iludir Risos e prantos se juntam nesta etapa da vida, Mas passa a fase do sonho e principia a descida. Agora o sol da existência pouco a pouco escurece, Por que os maiores problemas só agora aparecem? - filhos, trabalho, labuta, planos que falham, cansaço Corpo alquebrado de lutas e o medo do fracasso. Surgem as primeiras rugas, é o primeiro sinal Da velhice que vem vindo em seu roteiro fatal, Corre-se logo aos cosméticos, com aquele medo terrível, Pra estancar aquela fenda, como se fosse possível Mas não é! ninguém consegue estancar uma represa que estoura , Marca o relógio do tempo o longo passar das horas, E a descida continua, vem os netos pelos trilhos Cruzados ao longo dos tempos, por nós e por nossos filhos Agora chegou a hora de olhar para o passado E dizer: será que a vida é só isso? será que eu soube viver? E quase sempre, quase todos arrependem-se no fim Ah, porque fui fazer aquilo? ah, se eu tivesse agido assim? Então senta-se alquebrado, curvado ao peso dos anos, É o sol da vida nas nuvens da velhice se apagando. A idéia já não consegue ter certeza se estas cenas Que ele viu foram reais, ou foi um sonho apenas É a jornada terminando É a noite eterna que desce Sobre uma vida se apagando É o fim... é a morte... escurece...