Minha gente, vocês conhecem, um remédio pra distração? Eu ando tão distraído, pois ontem na refeição Eu comi meio tijolo, pensando que fosse pão. Já cismei que era cavalo e botei arreio em mim Com o cavalo nas costas, da cidade um dia eu vim Depois ele foi jantar, e eu fui comer capim. Outro dia no cinema, sentou pertinho de mim Uma moça, e nessa hora, uma coceira me deu Eu coçava o joelho dela, pensando que fosse o meu. Ela me deu um pé do ouvido, que eu saí num carreirão Chegando em casa assustado, vejam só que distração Me pendurei no cabide e deitei o paletó no colchão. Eu tava tão distraído, só de manhã dei por fé A casa não era a minha, era do compadre zé Deitei com ele, pensando que fosse a minha mulher. Fui descansar numa fazenda, pra curar esta urucubaca Mas quando foi de manhã, que distração mais velhaca Fui tirar leite da cabra, pensando que fosse vaca. Ontem eu acordei com fome, era meia-noite e dez Eu tava tão distraído, que agarrei meus próprios pés E mordia meu dedão pensando que eram pastéis E com essa distração, três dedos do pé eu comi E depois por sobremesa virei do lado e mordi O nariz da minha mulher pensando que era caqui. Não é falta de fosfato pois ontem mesmo eu comi Mais de dez maços de fósforos e quando de casa eu saí A mulher do meu vizinho eu beijei pra despedir Mas num caso como este é até bom se distrair.