No casarão, lá no raiar de minha vida, dentro dele está escondida minha infância a despertar Por sobre as tábuas do assoalho já puído, só restaram os ruídos, do meu tempo a caminhar Na velha sala está preso o meu passado, pelas frestas do telhado, passa o sol manchando o chão Manchas de ouro, como os olhos da saudade, a espiar no fim da tarde, o interior do casarão. No casarão, morando estão Parede meia, a saudade e a solidão. No casarão eu vejo um vulto pequenino, sou eu aquele menino, que ao fazer malcriação Para não ver a minha mãe ralhar comigo, e sofrer algum castigo, me escondia no porão Cheiro de rosas, lá ficou marcando a hora, quando meu pai foi embora, e o seu corpo lhe cobriu Também voei, pra muito além do casarão, porque o meu coração como ele está vazio