De tanto andar pelo sertão afora, atrás do gado com meu picaço Em meus ouvidos ficou gravado o plac-plac forte de seus passos Seu ritmar com o pingar da chuva, pelas picadas, chapadões e serras Trilhos riscando as campinas verdes são partituras da canção da terra. Vento macio, choro de rios, salto de insetos que da moita espanta Fazem o coral, sentimental, quando no chão a natureza canta. As folhas mortas se arrastando ao vento, galhos quebrando para abrir passagem Frutos que caem do jatobá maduro, na mata escura sobre as ramagens Vindo de longe as andorinhas chegam, cantando, buscam novas primaveras Sou estradeiro sempre observando, como é bonita a canção da terra. Zumbir de abelhas sobre a flor do campo, de longe traz a brisa da manhã Por sobre mim buscando outras florestas, passaram bandos de maracanãs Mugir de gado caminhando lento, cantos de grilos no capim tigüera O sol que surge despertando o mundo, é o maestro da canção da terra.