Eu sou aquele boi véio que todos devem lembrá Quando eu passava nos carros já fiz muito admirá Hoje já tô abandonado, sem ninguém me elogiá No lugar que eu vô morrê, minha história eu vô deixá Nasci num mês de janeiro, na beira de um taboá O meu nome é “passeio”, falado em todo lugá Quando eu tinha um ano e meio me pagaro pra amansá Começou meu sofrimento, no mundo peguei pená Me amansaro eu de carro, me pusero no vará Me judiaro bastante não tinha com quem queixá Me chucharo de ferrão só para vê eu berrá Meu coro ficou cortado que até hoje tem siná Me tocaro eu pra guia pro outros boi ensiná Quando tava na subida meu nome era só chamá Por mais pesado que fosse, eu nunca deixei encaiá Botava o joeio na terra , só pra vê o carro cantá Eu nasci só pra sofrê no mundo não vim gozá Sofri fome, sofri sede, trabaiei sem recramá O meu patrão sempre fala nunca tive um boi iguá Quando morrê esse boi véio o patrão tem que chorá.