José Afonso

O Avô Cavernoso

José Afonso


O avô cavernoso 
Instituiu a chuva 
Ratificou a demora 
Persignou-se 
Ninguém o chora agora 
Perfumou-se 
Vinte mil léguas de virgens vieram 
Inutéis e despidas 
Flores de malva 
E a boina bem segura 
Sobre a calva 

Ao avô cavernoso quem viu a tonsura? 
E a tenda dos milagres e a privada? 
Na tenda que foi nítida conjura 
As flores de malva murcham devagar 
Devagar 
Até que se ouvem gritos, matinadas