Tem sentimento dos matos e a alma presa ao formão Quem retrata este chão num tronco de vida inteira Moldando tantos gateados, cenas de tempo e querência É o campo mostrando a essência, entalhado na madeira. Tem goela gasta de poeira tocando a tropa de antes Nas rondas que por distantes, renascem numa toada O cantador que desenha seu mundo em voz de guitarra É bem igual a cigarra, morre cantando na estrada. Por tantas cenas de campo que cada artista dá vida Que são retratos da lida, do sul e seu universo Mal sabe quem fogoneia, num rancho lá na campanha Que tem riqueza tamanha que até nem cabe em meu verso. Tem a magia nos dedos e o coração num papel Um lápis que é um sovéu para um armadão debochado E se a imagem vem viva num pealo de sobre-lombo A folha treme num tombo se um outro for de bolcado. Tem a clareza no verso em tudo que ele retrata Num talareio de prata, "inté" se escuta o tropel De um varzedo florescendo, exala doce um perfume É que um poeta traz lume ao mais escuro do céu.