Estava escrito no jornal Uma notícia que ninguém leu Dia, hora e local Em que um centauro renasceu Falava de um charreteiro Que foi peão de renome Antes de fazer-se multidão Perder rastro, rosto e nome Matungo chamavam o cavalo Que se soube: Foi flor de flete Antes de escassear o pasto E carregar o mundo num frete Quem vê assim, estes dois Depois das ruas da cidade Não imagina inteiro O que vê pela metade Dizem, dava gosto de ver Aquela figura inteira Homem mesclado ao cavalo Num aparte de mangueira Mas, como eu ia dizendo O baio vinha vergando Ferida aberta no lombo Sangue no asfalto pingando E, aquele charreteiro Que foi peão de renome Sabe bem que sem o frete A piazada não come E, aquele charreteiro Hoje, sem rastro e sem nome Sabe que deve ao matungo O tempo em que teve renome Um homem puxava charrete Noticia que todo mundo leu Pra que o baio curasse a ferida Que o peso do mundo lhe deu Estava escrito no jornal A notícia que ninguém leu Aquele homem se fez cavalo E um centauro renasceu