Quando a alma de fronteira morde o freio e longe vai, o silêncio se emociona, transformado em sapucay! O meu baio troca orelhas e parece que prevê que o instinto me convoca pra bailar um chamamé! Troco o flete pelo barco... O Uruguai se faz pequeno pra saudade que eu abraço quando abro estes dois remos! O meu peito tem remansos, camalotes, cachoeiras... E nas cheias lava as mágoas aumentando as corredeiras! A bailanta é de campanha, não tem luxo no lugar, mas tem uma correntina que acorrenta o meu olhar! Traz nos olhos dois candeeiros que não cansam de luzir e a magia da Lunita que ilumina Taragüí! Só quem mora na fronteira sabe o antes e o depois de quem tem um só destino mas divide ele por dois... Pois quem ama na Argentina mas trabalha no Brasil traz a alma canoeira recortada pelo rio! Um cambicho desconhece as fronteiras e a distância, não importa se o sujeito é doutor ou peão de estância! Chega manso e nos envolve, mesmo sem dizer porque e é por isso que eu me encharco de fronteira e chamamé!