Não pensem que eu tô sesteando Ouvindo a chuva na lata Tô aqui retalhando uns couro' Pra ver se troco por plata Já faz' três dia' que chove Com raio, trovão e vento E eu sempre golpeando a trança Fazendo enredar os tento' Tiro uns tento' e já desquino Tomo um mate e segue a luta Que o preço de tudo aumenta Menos desta lida bruta A água bate no zinco E espanta um pouco o calor Aproveito e sovo um couro À macete e sovador De vez em quando, eu largo as corda' e, pra espantar a solidão Dou de mão na minha cordeona, uma Honner véia de botão E, enquanto meu cusco ressona em riba d'um laço no chão Eu tiro uns verso' rimado' da lonca do coração Depois, vou retovar o mango Daqueles de amansar louco Feitio d'um guasqueiro antigo Que me trouxeram faz pouco Tô atochado de encomenda Que periga faltar couro O Jorge quer uma estribeira E o hélio, um buçal de touro Tem que ser tareco forte Mesmo que um trago de canha Pra botar lá em massogem Num mimoso da cabanha Tô terminando um buçal Pra usar onde quer que eu ande Com um cabresto de doze Pra palanquear o rio grande De vez em quando, eu largo as corda' e, pra espantar a solidão Dou de mão na minha cordeona, uma Honner véia de botão E, enquanto meu cusco ressona em riba d'um laço no chão Eu tiro uns verso' rimado' da lonca do coração Pra minha prenda andar comigo Num pingo solto de pata Fiz um apero a capricho Preparo de corda chata Bem no corpo da peiteira Tá o nome do meu bem E, no florão da cabeçada Pus a marca que ela tem Trabalhei de aramador Domei muito caborteiro E me encontrei comigo mesmo Nesse ofício de guasqueiro Deixa que chova, paisano E que a chuva bata no zinco Ninguém me pega dormindo Que eu sou guasqueiro e não brinco De vez em quando, eu largo as corda' e, pra espantar a solidão Dou de mão na minha cordeona, uma Honner véia de botão E, enquanto meu cusco ressona em riba d'um laço no chão Eu tiro uns verso' rimado' da lonca do coração