João Luiz Corrêa

Só No Ditado

João Luiz Corrêa


Não tem faca mais afiada, que língua de mau vizinho
Não há de morrer pagão, quem na vida tem padrinho
Devagar se vai ao longe, boi lerdo bebe água suja
Camundongo não faz festa lá onde mora a coruja
Não desejo prá ninguém o que eu não quero prá mim
Não há bem que sempre dure, nem mal que não tenha fim
Quem tropeça vai prá frente, mesmo com o tombo mais feio
Não se deve fazer sombra usando chapéu alheio

Deste mundo sem capricho se foi a sinceridade
E é só mesmo no ditado que a gente encontra a verdade

Praga de madrinha é um pealo e o quebranto é perigoso
Em casa de gente braba até o gato é nervoso
Quem não tem boca prá nada, não enxerga um palmo adiante
O saber nunca é demais e pouco com deus é bastante
De noite os gatos são pardos, morcego é filho da treva
Miséria pouca é bobagem, do mundo nada se leva
Quem nasceu prá se enforcar, um dia encontra uma corda
Deus ajuda quem madruga, tudo que não mata engorda

Quem foi rei é majestade, mesmo quando deixa o trono
O burro sempre é encilhado bem a contento do dono
Quem nasceu filho de peixe, peixinho de certo é
Porque afinal toda a fruta nunca cai longe do pé
Quem vive sempre encostado, só vai onde tem parede
Não importa a cor do copo prá quem tá louco de sede
Quando a promessa é demais até o santo desconfia
Quem nasceu dentro da água, não se afoga na bacia