João de Almeida Neto

Carreteiro do Rio Grande

João de Almeida Neto


A Lua cheia no céu
E uma viola chorando
Com as estrelas no infinito
Parece estar conversando

Uma carreta toldada
E um pingo pastando perto
As chamas das labaredas
Dançando ao som do concerto

E com um pé sobre o outro
Ali, perto do borralho
Sovando as cordas do pinho
Como cartas de baralho

Seu pala negro franjado
Bigode e melena grande
Bombeando o negro da noite
Contemplando o Rio Grande

Se estende sobre os pelegos
Refletindo sua jornada
Pendurada na carreta
Descansa sua guiada

Ao clarear de um novo dia
Montando um cavalo mouro
Levantando acampamento
Naquela sombra de touro

Sentindo o peso do jugo
Vão quatro juntas de boi
Ao tranco do pingo mouro
Estrada afora se foi

Comandando os bois da ponta
Com a guiada de taquara
Em cantigas solitárias
Sumindo horizonte afora

Carreteiro do Rio Grande
Quanta saudade me dá
De ouvir o assobio campeiro
Quando te via passar