Nesta terra há um rio antigo de saudade Que nos dá vida e sonho e encantamento E a paz que o campo tem e a verdade De quem vive outro sítio, outro momento Ter o Tejo aqui assim ao pé da porta É um berço de força e de saber Traz-se ao peito o gosto da paixão Enquanto o Sol nos fala ao entardecer Viver assim é outro modo, outra maneira Outra vida, outro sonho a comandar Passa o tempo escorregando à minha beira Cantam-se fados á noite p'ra lembrar E o Sol, e a gente, e o campo, e a cidade E a cheia, esse chão d'água a cobrir tudo E a alma imensa dum povo sem idade Não mudes tu meu povo, que eu não mudo Nesta pátria Ribatejo se ama e canta Se dança, se trabalha, e se resiste E onde o peito alcance haverá chama Ninguém é mais alegre nem mais triste E doce, e forte, e sereno, ao mesmo tempo Como os cavalos ao longe, ao pôr-do-Sol Existe aqui um templo que é eterno Na lenda e no feitiço do Almourol