João Afonso

Versinho Ao Lado

João Afonso


Vou dar uma volta com o meu versinho ao lado 
este formigueiro, este estar muito inquieto 
que está cá bem dentro mas insiste em ser assim 
Vou levar a rima p´ra junto do teu jardim 

Desfiando a rima em azul papel selado 
mas um verso curto, seja branco ou rimado 
não fica mal de todo e sempre vale a pena 
Vou dar uma volta com o meu versinho ao lado 

Quantas voltas forem eu hei-de ir a nado 
enredado em ondas que me levem mais além 
Se a prosa esmorece o encontro marcado 
Senta-te no tempo que a maré vai e vem 

Encharquei a íris por me sentir rejeitado 
O sol do meio dia entrou por dentro de mim 
cantou a cigarra o seu canto descuidado 
serão muitas voltas até tu dizeres que sim 

A sorte mofina passou por mim sorrateira 
lançou-me um olho torto muito enviesado 
contra amores trocados contra o mau olhado 
trago o meu versinho mesmo aqui à minha beira 

Gastei muito tempo p´ra escrever-te em verso 
deitei mil feitiços à fachada do correio 
senti no ouvido, uma mosca na fruteira 
seriam moinhos ou rumores de Dulcineia