É verão no fim da tarde, ao canto das cigarras o chão é um vulcão adormecido delira um vaga-lume: há luz em Marte e o jantar ainda não foi servido Condensam gotas de água sobre o copo o pó afaga o brilho da mobília e pousa no retrato de família Protestam as fissuras do sobrado no rodapé descalço das andanças... chegou o convidado! chegou o convidado! Servida foi outra taça de vinho à mesa só ficou uma migalha no linho da toalha Resvala já o sol no horizonte. vencida sai a noite pela janela, duelo à luz da vela Já dormem as faianças na cozinha. apaga-se a mortalha no cinzeiro que bem que sabe o licor da madrinha O eco mede o espaço entre as lembranças e o tempo salta à corda do relógio do quarto das crianças no quarto das crianças