João Afonso

Clandestino (cá e Lá)

João Afonso


Eu sou como um marinheiro, que tropeça junto ao mar 
sou como um olhar cigano à volta do teu olhar 

Não tenho sempre razão não serei bom inquilino 
saudades só de onde em onde, não tenho pátria nem hino 

iôiô... quem se perdeu, encontrou 
quem partiu também chegou 
clandestino cá e lá 
sem saber se algum Deus há 

Pelos cantos da cidade desenhei a minha casa 
construía-a sobre as dunas que ficam na maré vaza 

Sou como sou 
basta-me o vento 
leva-me a onda 
tudo o que tento 

Sou como sou 
onde me ausento 
basta-me a festa 
chega-me o vento 

Eu sou como um embarcado, tão depressa chega e vai 
a partida é meu destino, quando a noite quente cai