Jô Queiroz

O Caloteiro

Jô Queiroz


No pendura ele fuma, ele bebe, ele farra
No calote é o rei, é o bom, é nó cego
Bem vestido ele vem de martelo na mão
E se brecha lhe dão, bota mais um prego.

No lugar onde chega ele faz um fiado
Com um papo legal sabe impressionar
Mas em todo comércio ele tá pendurado
Em supermercado, farmácia e bar,
O cartão bloqueado não passa
Tome cheques sem fundo na praça
Não demora essa borracha vai voltar.

Foi em dona vanda,
Comprou na quitanda, não pagou as frutas,
Lá no cabaré
De dona izabé  deve as prostitutas,
Sujeitinho, vadio, safado, caloteiro picareta
O que sabe fazer de melhor nessa vida é mutreta.

No pendura ele fuma, ele bebe, ele farra
No calote é o rei, é o bom, é nó cego
Bem vestido ele vem de martelo na mão
E se brecha lhe dão, bota mais um prego.

No açougue ele deve ao portuga
(quase um boi  inteiro) coro.
Cheques passados pra o dia
(trinta de fevereiro) coro.
Vagabundo salafrário, vigarista é
Diz que paga quando der e achando pouco
Levou mais um troco  do pobre do zé.

Quem vendeu, se deu mal, marcou bobeira
Emprestou,vacilou, levou rasteira.
De agiota a banco ele deve
Deve até  a pai- de -santo
Pra fazer fiado, o cabra é viciado
Deve a tomo mundo , em tudo que é canto.