Traga-me um pincel Este é o meu sangue em cor Que toca o papel Para transmutá-lo em arte Sairá de mim, vida nova Sairá de mim mesmo que não a ame Como um filho Dói demais esse parto Dói mais do que deixar ir Arranca-me as entranhas Cambaleia por aí Traga-me um papel Esta é minha alma em verso Mesmo que nunca seja Tão grande quanto eu queria Mesmo que não a reconheça Mesmo que sinta vergonha Mesmo que a dor cresça Para transmutá-la em arte Sairá de mim, vida nova Sairá de mim mesmo que não a ame Como um filho Dói demais esse parto Mas não mais do que não parir Mesmo que não chegue longe E morra sem sorrir Dói demais esse parto Dói mais do que deixar ir Arranca-me as entranhas Cambaleia por aí Parto-me ao meio Cada vez que vou parir Ficarei sempre menor Até o dia em que eu partir