Levanto antes do clarear o dia Lavo meu rosto com a água do regato Com esta água preparo o meu chimarrão Sinto o perfume da relva e do mato Maria acorda com o cheiro do café Mateando em prosa vai contando os seus sonhos Lá fora o galo anuncia o amanhecer Então abro a porta pro cachorro e o gato Minha cabana tem jipão Que o joão-de-barro me ensinou a fazer Minha esposa é o motivo Pra no trabalho eu não esmorecer A enxada pega firme a terra roxa Milho e feijão crescem juntos no roçado Uma hortinha e o jardim são de Maria E o petiço herança que ela tem cuidado Na estrebaria tem leite de tardezinha E a leitoada fica toda no cercado O paiol feito com pinheiro e chão batido Com flores, frutos, fartura pra todo lado Sábado à tarde é hora de ir na cachoeira Que fica perto da gruta da Aparecida Depois de uma reza com o terço da Maria Vara e anzol eu puxo uns bagre pro jantar No domingo o petiço leva nós pra Igreja Depois do almoço vamos sempre chimarrear A vizinhança se reúne pra prosear Pra noutro dia a labuta recomeçar