Num quarto de enfermaria Daquele grande hospital Num leito em frente à janela Um paciente terminal Aguardava conformado O momento da partida Infelizmente a ciência Não tinha mais competência Pra salvar a sua vida O paciente da janela Todo mundo invejava Porque só ele sabia Que lá fora se passava Com a sua voz cansada Muito esforço conseguia Consolar aquela gente Tão sofrida e tão carente Contando tudo que via Lá fora o dia está lindo Céu azul e Sol brilhante Vejo muitas criancinhas Lá no parquinho brincando Tem um lago tão sereno Lá no meio um parquinho Hoje ali tem muitas flores Borboletas multicores Também muitos passarinhos Numa tarde muito triste A sua hora chegou O velhinho foi-se embora Deste mundo descansou Mas o outro paciente Que ficou lá na janela Viu a triste realidade Lá embaixo na verdade Só existia favela A enfermeira comovida Deu a sua explicação As histórias do velhinho Não passava de ilusão As paisagens ele não via Não podia ver jamais Porque aquele paciente Ficou cego de repente Há muitos anos atrás