Jayme Caetano Braun

Itay Tupãbaé

Jayme Caetano Braun


O pai, La Invernada Hornero
Mãe? Preciosa Cinco Salsos
Criou-se sem mais percalços
Ali no pago fronteiro
Onde o gaúcho campeiro
Aprende a lidar solito
Olhando o pampa infinito
De azul e verde profundo
Porteira aberta de mundo
Que chamaram Dom Pedrito

Hoje rezo esta oração
De gaúcho missioneiro
A esse velho companheiro
De pátria e de tradição
Ao cavalo, meu irmão
Das lides continentinas
Fogo aceso nas retinas
E tufão nos atropelos
Legenda feita de pelos
Bandeira feita de clinas

A história da humanidade
Nas planuras e penhascos
Foi escrita pelos cascos
Desse padrão de igualdade
Fogo, luz da liberdade
Brasão de cavalaria
E na América bravia
Com ibéricos teatinos
Índios, negros e beduínos
Um eco de Andaluzia

Símbolo de guerra e paz
Símbolo de paz e guerra
A lida eterna da terra
É o flete amigo que faz
Peão, patrão e capataz
Não há senhor nem vassalos
Nem quem possa separá-los
(Porque a terra tem memória)
Nem ninguém que escreva a história
Do Rio Grande sem cavalo

O domador que arrocina
Simboliza o Vilson Souza
Alguém que entende da cosa
Desses parceiros de clina
Manhas que a vivência ensina
No lançante ou no repecho
Lava o lombo com bochecho
E faz com que dance um tango
O pala em lugar do mango
E um fio de seda no queixo

Gostar de cavalo é bom
É o meu código de fé
Itay Tupãbaé
De Oswaldo Dornelles Pons
Chego até a escutar os sons
Do rosilho alma de touro
Num último desaforo
Acima do mundo incréu
No parapeito do céu
Mastigando um freio de ouro!