Bandeira de Trinta e Cinco, divino pendão de guerra Que guardas gritos de terra entre as dobras andarilhas Pano de altar das coxilhas, desfraldado por condores Prece rezada em três cores em sobrehumanos rituais. O verde, os campos gerais do rio grande despenteado, O matambre amarelado numa alvorada de outubro E o campo? Vermelho rubro, num sol de tarde sangrado. Troféu mil vezes sagrado, pátria encarnada em um pano, Pedaço de chão pampeano que a história guasca eterniza. Foste a primeira divisa do brasil republicano. Bandeira tu ressuscitas, na glória de cada fiapo O acampamento farrapo embaçado de fumaça. É o formigueiro da raça que está reunido em concílio É o bugre que, De lombilho,vem levantando aos bocejos São os mestiços andejos, mal encarados e sérios São castelhanos gaudérios vaqueano de montoneras Que bandearam as fronteiras por força de algum instinto É o negro chucro, retinto, dos grilhões recém liberto É o piá voluntário esperto, guri ainda e Rosto liso É o chiru velho preciso que pensa mais do que fala É o estancieiro de pala que chimarreia sisudo É o mulato façanhudo de adaga grande à cintura É a impressionante figura do charrua de melenas É o soldado de chilenas e uniforme desbotado É o lenço bem colorado num pescoço de oriental É a tricolor oficial num tope republicano É o carreteiro vaqueano que segue o rastro das tropas. São abas largas e copas, vinchas, quepes e chapéus Laços apêros, sovéus, num mar de pilchas gaúchas Boleadeiras e garruchas, ponchos, palas multicores Que culto estranho? Que pampeano rito Vivem tais vultos que divergem tanto É a liberdade que fundiu num grito Todas as vozes do rio grande santo!