Jayme Caetano Braun

Payador, Pampa e Guitarra

Jayme Caetano Braun


Payador - pampa e guitarra, 
guitarra - payador - pampa
três legendas de uma estampa 
onde a retina se amarra,
payador - pampa e guitarra, 
flecos de pátria e poesia
alma - terra e melodia, 
sangue de um no corpo d'outro
botas de garrão de potro da lonca da geografia.

Payador - alma e garganta, 
emoção e sentimento,
melodioso chamamento que da terra se levanta
parecendo quando canta, 
com entonação baguala
que as aves perdem a fala 
e o vento apaga os rumores,
pois para escutar payadores 
até o silêncio se cala.

Pampa - matambre esverdeado 
dos costilhares do prata
que se agranda e se dilata 
de horizontes estanqueados,
couro recém pelechado 
que tem pátria nas raízes
aos teus bárbaros matizes, 
os tauras e campeadores
misturam sangue as cores 
pra desenhar três países.

Guitarra - china delgada que 
um dia chegou da Ibéria
para tornar-se gaudéria - 
da pampa venta rasgada,
- ao payador amasiada, - 
nas soledades charruas,
- morando em quartos de luas, - 
guitarra e lua são gêmeas,
- e Deus não fez duas fêmeas 
mais lindas do que estas duas.

A guitarra - o Payador e o pampa - 
sempre afinados
são cordas dos alambrados da vida, 
esse corredor;
paz - liberdade - e amor 
que nunca serão proscritos
porque nos ermos solitos 
onde o canto se desgarra,
cada alma é uma guitarra 
presa entre dois infinitos