Acorda bem cedo, levanta e se enfurna Vagando sem norte ao sol inclemente Os pés em ferida, as costas ardendo O pária andarilho as mãos já nem sente O suor que lhe escorre da fronte enrugada Mistura-se ao breu de seus olhos parados Carrega nos ombros as dores e penas E sonhos constantes que estão protelados (É mais um vivente que teima em ser guapo É mais um ginete montando a ilusão Um homem apenas, um novo farrapo Peleando com a vida sem armas na mão) O sonho da escola, pra quando será? A coberta quente, acaso alcançado? A boneca pra filha, as botas pra o piá Nos pés doloridos... um tênis rasgado Ali vai um taura que foi despachado Um Cristo campeiro levando sua cruz E volta ao barraco no charco alagado Fresteando quimeras num teto sem luz (É mais um vivente que teima em ser guapo É mais um ginete montando a ilusão Um homem apenas, um novo farrapo Peleando com a vida sem armas na mão)