Estética dos miseráveis Veja que a dor do mundo Baila há mais tempo Desde a cabeça dos vossos pais Calma que há analgésico, antitérmico E menos dia ou mais dia Esta dor vai ter de passar O samba está na índia, cinema também há aqui No desempate eu sou mais a metafísica dos guetos brasileiros Em miséria nós somos irmãos Calcutá está para Copacabana Assim como o recife está para Havana A salsa, a rumba, o tchá tchá tchá, o maracatu revoluído com guitarras elétricas Os aplausos dos miseráveis da arte que fazem o norte do planeta Aos periféricos que fazem a miséria da galáxia Deixe um bom samba tocar Pra ver nosso barco correr Aliás, é interessante navegar por águas de primeiro mundo Fora da arte temos muito que aprender Aprender a guerra, arrogância, e a simpatia Aos rumos mais perversos da economia Os bobos que fazem os risos do rei se embolam de rir da sua inestesia Deixe um bom samba tocar Pra ver nossa história correr A arte quando viva Grita mais do que cem mil televisões Nos corações das capitais ao entardecer A globalização artística entre os países periféricos é o princípio da propagação do bem O indiano já houve samba nas rádios populares, e seus filmes passam constantemente nas capitais do Brasil O reggae e o rap jamaicanos, tocam nas favelas como o soluço do oprimido As tribos africanas fazem sucesso nos chats de troca de música da internet Veja que a dor do mundo baila há mais tempo desde a cabeça dos vossos pais Desde que há tortura que os negros faziam seus berimbaus Desde que há ingleses que os indianos compõem mais E desde o embargo a cuba que os negros cubanos Exportam a ruma em troca de paz E assim funciona a estética dos miseráveis Somos molestados e produzimos arte como analgésico Somos oprimidos e usamos a arte para propagação do bem Somos explorados e exportamos nossa arte para a corte do senhor rei Por fim, somos aplaudidos e contentes com o sentimento de missão cumprida Damos um sorriso frio e nos alegramos por aceitarem o nosso presente de grego Deixe um bom samba tocar Pra ver nossa história correr A arte quando viva Grita mais do que cem mil televisões Nos corações das capitais ao entardecer Deixe um bom samba tocar Pra ver nossa história correr A arte quando viva Grita mais do que cem mil televisões Nos corações das capitais ao entardecer