Tá na prece do cristão Na festa do Padroeiro Tá na nas velas que iluminam Os caminhos do mosteiro Acompanha os peregrinos Todo ano a Juazeiro Tá na roda das carretas Na cabine do caminhoneiro Rola pelas rodovias Que nos leva a Aparecida Tá com a dona de casa Todo dia em sua lida Muitas vezes explosiva Outras vezes reprimida É a companheira do operário Em sua luta pela vida Tá no verso do poeta Nas trovas do cantador Nas palavras do profeta No peito do trabalhador Tá no pranto de quem chora Na alegria e na dor Tá a espera de braços abertos No alto do Redentor Tá na reza dos fiéis No ato dos governantes Tá presente nos bordéis No encontro dos amantes Tá nos livros e papéis Na cabeça do estudante Na esperança dos que chegam Na ilusão dos retirantes Tá na força do destino Nas ruas e na prisão Tá na festa do Divino E na fogueira de São João No sorriso do menino Tá no gesto do ancião Tá na chuva da cidade Tá na seca do sertão Muito dela têm ouvido E dela tenho falado Por ela se têm morrido Por ela se têm matado Todo povo oprimido Não se esquece do ditado Povo que vive sem fé É um povo abandonado O povo que vive sem fé É um povo abandonado O povo que vive sem fé É um povo abandonado