Quando a saudade abre suas asas Me vejo um menino ao redor das casas Florescendo o arvoredo, perfume bueno no ar A cacimba cheia, junto às taquareiras O barreiro canta sua sinfonia, Anunciando o dia, para a companheira Tinha confiança, na minha tordilha Que foi bem domada, só pra minha encilha A invernada grande, o passo do fundo Roendo as barrancas, segue o seu destino... Vou seguindo o rastro, que deixei no pasto, E revivo o tempo quando era menino A figueira grande, o açude ao lado Descarnar moirões, pra o novo alambrado O varal de roupas, o jardim da casa Gado no rodeio, berro de terneiros Regeira torcida, pra calar na orelha E arrastar madeira, pra amansar tambeiros Hoje meu mate, me trouxe a infância E eu me vi menino, no galpão da estância As vacas de leite, vindo pra mangueira O monte de lenha, e as estrebarias O mate cevado, cambona chiando Os guaxos berrando, ao clarear o dia A vida no campo, faz parte de mim, Pois me viu nascer, e há de ver meu fim Um dia eu volto, pra soprar as brasas Montado num flete, ao vento sulino Revendo o destino, e então eu me sinta Outra vez um menino, na volta das casas