Numa viagem depois de rodar bastante Já cansado do volante parei no acostamento E olhando ao alto sobre uma estrada boiadeira O resto de uma porteira, me veio no pensamento A impressão de que as duas estradas Conversavam exaltadas sobre sua serventia: Enquanto uma exigia mais respeito Outra batia no peito por chamar-se rodovia Gostei da hora que a moça bem vestida Falou que não foi medida por rudes cascos de boi Eu que sou jovem só gosto de coisas novas Não aceito como prova o tempo que já se foi Fui construída pela tecnologia Envolvendo engenharia e caros equipamentos Você não passa de uma velha quadrada Já não serve pra mais nada, vai ficar no esquecimento Mais não me esqueço a resposta da velhinha Eu ainda sou rainha das cantigas sertanejas Levas o gado longe da sede e sem medo Pra morrer muito mais cedo é a mim que eles deseja Aqui comigo ela andava a passo lento Sem os loucos pensamentos do desastre ou coisa assim Minha pousadas o poeta não esquece Nem a história merece minha vida não tem fim Ao comparar ao belo som de um berrante Com o barulho irritante quanta saudade me deu Falou ainda que seu antigo nome Não foi feito pelo homem, mas sim, pelas mãos de Deus Falou nas flores que em sua margem existe Confesso fiquei tão triste ao ver que estava dormindo Quando num salto dum sonho fui acordando Apavorado pensando que estava dirigindo