Faço a crença pelo meu velório a reza Que enterraram as palavras portuguesas Sob um vú de vãs postiças palavresas Foi criado nosso novo dicionário Onde banca-se o papel de missionário O próprio vocabulário de muletas O próprio vocabulário Livre dos livros os equívocos As gargalhadas da gramática O preconceito linguistico Palavras marginalizadas O preto o pobre e o racismo O preconceito por nada Sexo é assunto proibido A não ser fora de casa Desligue a tv vá ler um livro O mito é a verdade inventada Não crer no que vê é mais difícil Que ler pra aprender coisas erradas Proteja-se sempre do vício De acreditar em tudo que se espalha Existem milhares de artifícios No vasto precipício se fala No vasto precipício É minha nossa voz É nossa minha voz É minha nossa voz É nossa Não permito que a gramática estragada Me atinja sem um mero objetivo Não aceito sua questão analisada Nem com mil razões que justifiquem isso Eu aqui é que não escreverei mais nada Pois quem manda antes em um julgamento É a forma de como o pronunciamento Absolverá a vítima palavra