Isabel Sougarret

Sonhos Devorados

Isabel Sougarret


Eu abro a janela
Não vejo nada
Nada de vento
Nenhum horizonte
Paredões de janelas indiferentes
Sonhos devorados pelo dia

Ânimo engolido pelo calor
Penso no trem do meu destino
Sem trilhos
Sem trilhas
Abandonado num terreno baldio

Tudo emudeceu por dentro
A voz perdeu o sentido
O que falar pro mundo?
Se os que têm ouvidos
Estão em seus ciclos

Sucata!
Nada vai mudar essa falta de rumo!
Nem o café amargo
Nem a esperada tempestade!