Este sobrado Descorado e sem pintura Que foi feito na moldura Para ele e para mim Por dentro dele Hoje está tudo quebrado Eu te conto detalhado O que o fez ficar assim Quem eu amava Dentro dele tinha tudo Tinha um ninho de veludo Com tapetes pelo chão Esse alguém Hoje dorme maltrapilho Na friagem do ladrilho Implorando o meu perdão Foi o ciúme A inveja e a intriga Arruinou as nossas vidas E nasceu o desamor Eu larguei tudo Na metade do caminho Só ficou o antigo ninho Depenado e já sem cor E o prédio morto Sem vidraça e todo imundo Hoje abriga os vagabundos Que ali dormem pelo chão Sobrado velho Ali ficou retratado É o espelho do passado Que envergonha o quarteirão