Vaguear pelas ruas da amargura Sem poder adormecer nem acordar Sem saber o que está do outro lado O que te espera, tormento ou prazer? Percorrer este deserto Sem almas nem vida humana Tudo está morto e inerte Apenas tu moves este mundo A loucura instala-se O rumo perde-se Dia após noite Pedes descanso A tua existência estilhaçada E o teu medo justifica a mágoa Conheces cada pedaço de rua Bebes a luz da madrugada O teu corpo não responde A tua visão alterada Profundo desgosto pela tua sina Inveja ultrajada do sublime luxo Um destino inevitável Aguardas em silêncio Guardas os restos do que acabou Chega a madrasta noite Ansiedade do que virá Estarão as pedras no mesmo sítio? Expectativas goradas e vãs Estarão os sons no mesmo lugar? Os outros invadem O que já te pertence Começa mais um dia Acaba mais uma vida Os outros pertencem-te És forçada a vivê-los Começa mais uma vida Acaba mais um dia