Deu meia-noite no pátio do terço O velho endereço de novos tambores À meia-noite, vestido nas cores da grande nação No baque virado, remanso das dores Ecoam clamores por libertação A escuridão Acorda o silêncio, acende a paz É o vento de Oyá que evoca Egum São meus ancestrais sob o axé de Olorum Ê Luanda, Luandê O Ilê da minha raça Sem corrente, nem mordaça Que prenderam o passado Ê Luanda, Luandê Frente à igreja do Rosário Não há culto proibido Nem há Deus escravizado Chama Dona Santa, o espelho de Badia Pra ver Maracatu estremecer a sacristia Ora iê iê, ora iê iê Como é bonito, minha mãe, seu abebe O baque estanca no terço O chão parece um altar Clareia, clareia É Loa de povo preto É Lua pra vadiar Vadeia, deixa vadiar Onde a nossa voz é estandarte Eu forjei a minha arte Na justiça de Xangô Fé reprimida, vidas perdidas A noite infinda no axé Nagô Oyá igbalé Oyá Sou eu a voz dos Inocentes Oyá eparrei Oyá A alma preta se faz presente