Inezita Barroso

O Berrante de Madalena

Inezita Barroso


Comprei uma boiada brava
E vim trazendo do chão de Goiás
Depois de atravessar a fronteira
Do rico estado de Minas Gerais
A boiada estourou
No pé da grande Serra dos Cristais
Lutei bastante quase o dia inteiro
Mas a boiada esparramava mais
Morreram cinco dos meus companheiros
Fiquei sozinho com o capataz...

Meu companheiro me falou chorando
Espere em Deus o nosso salvador
Olhei pro céu e avistei baixando
Um misterioso disco voador
Saltou na terra moça boiadeira
E o seu berrante mudava de cor
Falou contente com lindo sorriso
Pra te salvar hoje aqui estou
Eu vim do céu pra salvar a boiada
E o seu berrante ela repicou...

"Estou chegando tocando o meu berrante
Tenha juízo ó meu grande amor
Eu vim do céu para salvar a boiada
Cumprindo ordens do Nosso Senhor
Com o repique do seu berrante
Logo vi a boiada se aglomerando
Meus companheiros que tinham morrido
Naquele instante eu vi ressuscitando
Tendo o milagre dessa boiadeira
Que para o céu ela foi levitando
Seu rosto lindo era o de Madalena
E minhas penas foi perdoando
Cai de joelhos com o rosto em terra
E de contente eu solucei chorando..."

Quando a boiada entreguei em Barretos
Foi três mil bois boi contado na chegada
Foi um milagre de Madalena
A boiadeira que eu vi lá na estrada
No outro dia eu fui acordando
Pois foi um sonho a grande jornada
Por isso mesmo creio em Madalena
A pecadora foi santificada
E será sempre a minha protetora
Porque minha alma já sinto amparada...