Mérito, privilégio, regalia Não tem competição não! O futuro é mais que astros artificiais em órbita Faço o pouco que me cabe, aqui, congelado em paz Pago o preço que me cobram pela identidade Não engasgo quando se trata da nossa liberdade Reneguei, agressivo lutei, falei demais Mas será que fui certeiro? Do palácio austero até o fundo do poço num cativeiro No inferno que eu me enxerguei, preferia estar cego Eu acredito na revolução, mas do jeito que as coisas vão Já ouço abrir o alçapão e os considerados aliados onde estão? Colhendo o fruto do chão regado a sangue e tensão Na primavera seguinte, eu fertilizo o solo com confusão E os meus herdeiros de ideia me saudarão Como o céu nublado se impõe sobre as cabeças A insegurança é o rótulo das incertezas Meu legado é uma escritura em tinta de caneta É meu diário perdido nas profundezas Apocalipse ponto com, um prêmio pra produção Aplausos pra aceitação da encenação Figuração primorosa, atuação impecável Com direção do inimigo implacável Não tem competição Mérito, privilégio, regalia Posso até me arrepender, mas fazer o quê? Um nasceu pra ver, o outro pra fazer acontecer Quero desde já que fique registrado Não nasci inconformado, mas mudei incomodado Pois tudo que vi, tudo que toquei Nada virou ouro de repente será que eu errei? Ou alguém que estava do meu lado tinha seu poder aumentado Por um dado incoerente no sistema viciado? Traduzindo e informando, traduzindo e transformando Conduzindo e deformando, esse é o filtro do comando O fluxo é ativo e quem invade é passado Quem distorce é banido e exterminado Pura e simplesmente indexado, na lista de ameaças do Estado Regulem-me ou tornem-me um fardo Sempre foi seu lema, sem enigma e sem máscara E parece que engoliram um espinho atravessado Indexsonnora contra a falácia da meritocracia!