Não tem mais tropeiro, nem um sanfoneiro em dia de feira Não tem chão batido, um assar de milho, brasa de fogueira Foi-se a poesia, cadê cantoria, 'quêde' o sabiá? 'Tá faltando abraço, da noite um pedaço pra se namorar Procurei, em vão, um balanço bom, saudade da rede Água bem friinha, vinda da quartinha matar minha sede E o florar do mato, destroçado, insiste em não frutificar Oh! Meu Padim Ciço, tanto rebuliço, não dá pra esperar Quero é brincar no terreiro, Da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta Pr'um sorriso verdadeiro, Não quero dinheiro, quero meu sertão de volta Onde está a flor, onde está o amor, onde está? Não sei O asfalto esconde as pegadas das veredas onde andei Até a lua branca de tanta vergonha foi se esconder Se o progresso é isso, disso eu não preciso, eu quero é viver Cadê a natureza, não tem mais pureza nesse meu sertão Só se ouve verso no caminho inverso da minha canção E o vaqueiro forte, procurando a sorte, se pega a rezar Purgando o castigo de um povo tangido a se humilhar Quero é brincar no terreiro, Da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta Pr'um sorriso verdadeiro, Não quero dinheiro, quero meu sertão de volta