Em mãos brancas seu sangue vermelho, vejo escorrendo, sofrendo Vejo o povo negro rezando pro santo, Yemanja me protege com o seu manto Por Xangô ecoou o cântico kao kabecile como gritos soam minhas preces Enquanto o chicote rasgava sua pele Fugiu pro mato pra sua liberdade Esconde um quilombo num futuro sujo da cidade Uma favela, uma guerra, uma busca sem trégua Um guerreiro da raça que se cansa, mas não se entrega Não posso parar de lutar Nesse mundo escravo Tenho minha liberdade Não vou ficar parado Seguindo o fluxo de um cotidiano insano Policiais me atormentando, capitão do mato me lembrando Na lembrança de um passado com antepassados seqüestrados Boca seca de sede, meus irmãos amargurados Hoje no presente não vejo diferente Vejo sofrimento nos olhos de sua gente Ontem uma senzala, hoje uma favela O que ontem um quilombo hoje um acampamento sem terra. Comandados por corruptos mercenários, sofrendo maus bocados Esse é meu povo hoje miscigenado Descendente de um passado discriminado. Não posso parar de lutar Nesse mundo escravo Tenho minha liberdade Não vou ficar parado. Somos iguais perante Deus Somos guerreiros de fé batalhando pelo seu, pelo meu, pelos nossos sonhos Numa liberdade perdida quando tirados da pátria, fomos tirados da vida. ?Vida livre morte digna?