Arraias minha altaneira, Idílio de amor em teu luar! Nobre, feliz alvissareira, Hei de rever-te, te abraçar. És do Tocantins a jóia rara Teu sol luzente no arrebol Refulge em pedraria cara O ouro fulvo do teu sol. Arraias, és bela e sedutora, Poema de gozo em solidão. És simples, nobre, encantadora, És grande de alma e coração! Tua água, ó biquinha, benfazeja Teu gosto é milagroso ao paladar. Aquele que te prova só deseja A Arraias, feliz, sempre voltar! Arraias minha! Arraias bela! Terra de afeto e dileção Tu tens do jovem, da donzela, Todo o encanto e sedução. Sussurra a brisa bem fadada Na mais doce vibração Tu és uma terra encantada De um povo hospitaleiro e irmão. Arraias, ninguém te esquece Tua graça, teu viço sem igual Relembra a velha serra que parece Um guardião a cuidar-te, paternal. Tuas noites tão formosas celebradas Em rodas, bacondês, ó, dias meus! Nas noites arraianas encantadas Nossa alma se recolhe e sobe a Deus. Igrejinha do Rosário, ainda te vejo Na lembrança, com saudade e ternura. Pra mim há sempre o ensejo De voltar à minha infância de candura. Córrego Rico, em cujas águas tão lendárias A lembrança do escravo se debruça, Acalentando a velha rua solitária, Onde a alma do passado ainda soluça.