Hermes Duran

Águas Rasas

Hermes Duran


Queria eu neste simples canto
Levar mensagem a quem pouco escuta
A natureza se vinga calada
Quando emprendemos contra ela a luta

O caponete que abrigou bugios
A motoserra há muito tombou
E as águas rasas que eram um bebedouro
Não fazem falta e o trator tapou

A escavadeira drenando banhados
Suor da terra que não se despoja
Mal orientados por novos doutores
Segue a ganância em nome da soja

Matar um sapo e virar pra cima!
Acender vela e orar pra santinha!
Um tratoraço na frente do banco
Como se a culpa nunca fosse minha

Novas posturas velho agricultor
Este será teu verdadeiro abrigo
Pra que teus filhos não colham o joio
Plante consciente sementes de trigo

A terra é xucra e nunca teve dono
Mas protegê-la se faz necessário
Quando num sulco tu virar semente
Há de picar um novo arrendatário

O consumismo, de uma nova era
Faz com que o homem tenha desamor
Nunca esquecendo que na vida ou morte
Quem nos enfeita é simplesmente a flor

Matar um sapo e virar pra cima!
Acender vela e orar pra santinha!
Um tratoraço na frente do banco
Como se a culpa nunca fosse minha

Quando o Sol brazino bastereia o campo
Traz caraminguado pra mesa dos senhores
Nessa culpa e meia, não tem mais desculpa
Do citar profano, de que assim quis Deus

Matar um sapo e virar pra cima!
Acender vela e orar pra santinha!
Um tratoraço na frente do banco
Como se a culpa nunca fosse minha

Um tratoraço na frente do banco
Como se a culpa
Nunca fosse, minha