No meu solo a cultura é bem mais forte Porém poucos dão ouvidos a ela Não se abre nem porta, nem janela Quem tá no sul não conhece meu norte Se hoje canto repente não foi sorte Fui nas feiras e praças conhecer Com poetas-violeiros aprender Como é que se bebe nessa taça Não me peçam jamais que eu dê de graça Tudo aquilo que eu tenho pra vender Foi jacinto, o rei jackson e azulão Que inspiraram meu ritmo e meu cantar Com a banda de pife a embalar Vi rojão pra fazer coco e baião Pois fazemos valer nossa canção Aos mestres eu quero agradecer E por toda a herança e o saber Fazendo – me seguir por essa marcha Não me peçam jamais que eu dê de graça Tudo aquilo que eu tenho pra vender Já rodei desde a praia ao sertão Canto coco que não é de coqueiro É trupe, de batuque, de terreiro, De emboladas dos vates da nação Eu não traço o destino em minha mão Nem estou aqui pra me promover Eu não posso e nem devo agradecer Aos que por minha causa não abraça Não me peçam jamais que eu dê de graça Tudo aquilo que eu tenho pra vender Esses versos de décima do repente Foram montados em quadra e sextilha Sendo assim é formada a redondilha Tudo isso aprendi com zé vicente Eu só quero é poder passar pra frente Essa regra tenho que obedecer Como posso fazer para viver Divulgando a poética popular Quando é que vou parar de escutar Que terei de cantar sem receber ? Não me peçam jamais que eu dê de graça Tudo aquilo que eu tenho pra vender