Um patrio carnal vermelho Feitio de pala cortado E um aba oito temprado Em ressolana e garoa O tempo é uma coisa atôa Pra eu que vivo do basto Barbicacho um tento gasto A graxa crua do apêro E meu poncho e sombreiro São meu galpão sobre o pasto Meu mouro, crina encharcada Se desconfia no más Atiro o poncho pra trás Meio sestroso ele bufa Mas por mim que arrote e tussa Tenho as cordas pra tirão Couro grosso nos garrão De esporear de chiquito De mi abuelo un bastito Regalo que fiz rincão Aos clinudos feito eu Que a vida quis botar canga Mais vale o ouro em pitanga Que a fortuna dos ateus Afinal! Com ou sem Deus Tudo termina, se passa Por isso prefiro a fumaça De um galpão, junto dos meus Fiz sarandeio no poncho Pra tapar o meu pelego Meu mouro achou sossego Seguiu floreando a coscorra Nesta empreitada zorra Que o pobre vive em mazela Aperto cincha e barbela Sigo pensando comigo Será a vida um abrigo Que Deus abriu a cancela? Um patrio carnal vermelho E um aba oito temprado Com um bastito arreglado E o mouro que é um irmão Faceiro em qualquer fundão Todo encharcado de pampa Encontro a verdade santa Não pode ser diferente A vida é um galpão pra gente E o resto, é pura ocasião