Meu contou seu Pedro Dutra Alambrando no Uruguai Que na estância um andarilho Pediu por changa no mais Vinha cortado de estrada Na guaiaca poucos pila Soltou o mouro pro campo E se ajustou na esquila Na comparsa ganhou vaza De agarrador e cancheiro Doze dias, subiu posto Destorcido e tesoureiro Por vaqueano e disposto Ganhou respeito em seguida Conhecedor das estradas E dos atalhos da vida Ajudou galopear potros Pra comparseiro e mensual Pr'outro guri mais novote Rematou rédea e buçal Fez uma tarca de tento Moçeando sua despedida Pois quem quer viver na estrada Conta os dias pra partida Com mês e pico de estância Todo rebanho tosado O patrão deu outra changa Lida com banho de gado O andante agradeceu Pegando longe a mirada Bombeando firme o horizonte E olhos com sede de estrada Acomodou na guaiaca Um maço com poucos pila Nisso falou um gurizote Que também tava na esquila A tua plata tá escaça Pra quem quer andar na estrada Já gasta tudo paysano Na venda da encruzilhada Retrucou o andarilho Com ares de debochado Nas palavras a experiência De quem vem muito judiado - Meu filho tenho andado Se ainda eu não fiquei louco O pouco bem gasto é muito O muito mal gasto é pouco