Guilherme Caboclo

Terno de Bacana (part. Thales Dusares e Dedezito Cavaliere)

Guilherme Caboclo


Já fui trocado, humilhado
Escorraçado
Vi meu povo escravizado
E não pude fazer nada

Fui taxado
De drogado alucinado
Só porquê minha bebida
Não é a base de cevada

Fui chamado de lesado
Só porque a patricinha
Aquele dia
Me deu mole e eu nem aí

Que gente chata
Escrota e alienada
Eu só queria uma nave
Para me abduzir

E vou em busca
De algum outro planeta
Aonde o sofrer do outro
Não faça o outro sorrir

Estou cansado
De nadar num mar de lama
Enquanto o Terno de Bacana
Dá role de Jet Ski

Tô cansado
De nadar num mar de lama
Enquanto o Terno de Bacana
Dá rolé de Jet Ski
E atrasado
Por nadar num mar de lama
Enquanto o Terno de Bacana
É só Rolex

Não entendo
Tanta gente competente
Se achando diferente
Por morar no Buritis

Mas não entendo
Tanta gente diferente
Se achando competente
Por morar no Buritis

Fui chamado
De preto fudido
Vagabundo, ordinário
Arrogante convencido

Mas eu? Não ligo
E só trabalho com amigo
Não sou da trairagem
Estilo ternin bacana
Da sustentabilidade
Chegou no fim de semana
Tira o carro da garagem
Mas gastar água do povo na calçada?
É sacanagem
É sacanagem
Água do povo na calçada?
É sacanagem
É sacanagem
Água do povo na calçada
É sacanagem

Muita gente foda se sentindo um bosta
Um monte de bosta se achando foda
Viva la favela!
Na viela tem mais 5 Jet Ski
Tipo Bruce Lee
Vem de Hennessy

Pretos querem ice
Brancos querem ice
Muitos querem muito
Poucos querem pouco
Todos querem mais
Tolos querem mais

Dusares, mineiro suburbano
Mano Guilherme Caboclo?
Índio, preto, branco, pardo
Malandro mulato, respeito é nato

Terno de Bacana? Capitães do mato
Gafanhotos pros senhores feudais
Natural ou místico, doa quem a quem doer

Água do povo na calçada?

É tipo assim
Botar fogo na floresta
Vender que preto não presta
E esconder dentro da fresta
Admiração por genocida indígena
Lá no meio
Desse tanto de lacaio
Fala feito papagaio
Só que age como rato
Nossa rima é o gato
A pedra dentro do sapato
Ou melhor, da bota
Do capitão do mato
Que só mata e desmata
A nossa mata, a nossa pátria
O nosso povo, o nosso canto
O nosso pranto vale tanto?
No entanto agora canto
E eu vou dilacerando
O engano em todo canto
Gostam de ver o sangue
E derrama, mas meu mano
O meu manto
Ele é feito de Vibranium
Direto de Wakanda
Com magias de Umbanda
E lições de Aqualtune
Que comandou 10 mil homens
Passou fome foi escrava
Mesmo assim fez o seu nome
No Quilombo dos Palmares
Zumba, Sabina e Gana
Não tenha medo dos caras
Nem dos bota
Bota a cara, e não desonre
A luta dos Pantera
Que já vem e é de ano

Pra racista otário eu sou Kamaru Usman
Sangue brasileiro e meu dom é africano