Guerras

Paralelo 11

Guerras


Sua alma encomendada
É mixaria pra grileiro
Não se importa com mais nada
Já está cego por dinheiro

Mercenário pé rapado
Guarda costas de posseiro
Atirador amargurado
Pior tipo de brasileiro

O ódio toma conta do sujeito com a arma na mão
Não passa de um pobre coitado, lambe-bola de patrão
Só respeita a humanidade de quem mais forte
Na bala, na cara, no cheiro de morte

Em meio às aldeias do Brasil onde ninguém vê
Existe um povo condenado, sem saber o porquê
Foram massacrados, estão vivos sorte
Facada na carne, jorra sangue do corte

Cuidado com o presente de branco
Do tal homem civilizado
Que lava de sangue todo o barranco
E fuzila o índio desarmado

Cuidado com o presente de branco
Do fazendeiro bom e honrado
Estupra índia no ódio e no tranco
E mata o cacique degolado

Entra no mato pra fazer justiça
E matar pelo dinheiro "justo"
Tem maldade somada a cobiça
Mas é covarde se esconde no arbusto

Magrela armado com olhar febril
Alcança o objetivo à qualquer custo
Atira do outro lado do rio
No cara a cara o índio é mais robusto

O presente de grego cheio de veneno foi mandado
Envenenado o indiozinho chora aterrorizado
Bombardeiam os aviões que vem rasgando o sereno
Lágrimas que de quem já sofre tanto mesmo pequeno
O presidente bossa nova não quer nem saber
O sangue que corre na mata não vai para TV
Só dos índios Cinta Larga foram mais de três mil
No paralelo 11 assassinaram o Brasil!

Cuidado com o presente de branco
Do tal homem civilizado
Que lava de sangue todo o barranco
E fuzila o índio desarmado

Cuidado com o presente de branco
Do fazendeiro bom e honrado
Estupra índia no ódio e no tranco
E mata o cacique degolado

Não!