A minha mente tá mais carimbada que o seu passaporte A minha alma já tá vacinada contra a morte Não quero essa cadeira, sua vista ou seu currículo Nem quero o meu nome em sua lista de discípulos Não troco a minha lua pela tua previdência O meu ofício perpetua mesmo em minha ausência Você assina o seu papel e eu pinto a minha parte Você junta dinheiro e eu acumulo arte O seu PHD O meu dom Seu santo metiê O meu santo som Respeite o meu espaço A minha contribuição Não quero seu trocado Mas você já quis tocar meu violão Na Avenida Paulista não se pode ser artista sem autorização Pelo mundo, o músico brasileiro, negro dito vagabundo, recebe valorização Engole o preconceito, além dos mesmos direitos, tenho o meu direito autoral Eu existo pra quebrar sua rotina, se me encontrar na esquina, não me dê moeda, me dê moral