Grupo Arapuca

Sangue de Peleador

Grupo Arapuca


De todas as pedras na estrada
Da minha vida que eu passei
A maior e mais complicada
Treze anos completei
E um homem de capa preta
Que veio me avisar
Eu estava na escola
E não podia imaginar
Que o caso era de morte
Perdi o rumo da sorte
Porque justo o meu pai ela tinha que levar

Quando voltava pra casa
Avistei la do estradão
A vizinhança arrodeando
Nosso velho casarão
Minha mãe que me abraçava
Nosso pranto derramando
Doze filhos ele deixava
E mais um com a mãe esperando
Chorava na despedida
A maior dor da minha vida
Meu pai partíra sozinho e eu fiquei ali chorando

Meu pai me mandou pra escola
Muito moço estudar
Ele queria assim
Minha vida melhorar
Um bixo que roe por dentro
Foi o que a vida levou
Tal de câncer não tem cura
Assim meu tio exclamou
Não foi daga nem garrucha
Foi uma doença de bruxa
Não consegui entender o que ao meu pai matou

Deste dia triste em diante
Não voltei mais estudar
Pois sendo o mais velho
Tinha doze irmãos pra criar
Trabalhava tipo bixo
Amadureci antes da hora
Senti fome senti frio
Por Deus e nossa senhora
Porque meu pai levou
Agora tudo mudou
Ando sem um rumo certo depois que ele foi embora

Minha mãe que se virava
Neste rancho onde nasci
Pra ter boia criançada
Na roça também eu vi
O meu pai era o esteio
Da familia o respeitado
Depois que ele partiu
Me senti desabrigado
Tenho a mãe e os meus irmaos
Mas meu pobre coração
Sente falta do meu velho e continua despedaçado

Prometi não mais chorar
Por mais triste que seja a vida
Foi meu pai que me falou
Antes de sua despedida
Meu filho sejas humilde
Honesto e trabalhador
Faça uso da razão
E leve a vida com amor
Eu sempre o obedeci
E se hoje ando por ai
E porque de certo herdei seu sangue de peleador