Retinto retrato da alma Sai da pintura, esboça a vida em outra cor Quebra a moldura das amarras Tira o óleo que te agarra Teu sonho quem pintou? Primeiro raio de Sol Rabisca seu caminhar Na casa grande quem vai se lambuzar? Guarde esse brinquedo E o trapo desarrumado Será o mesmo a usar no roçado Correu na rua Desceu ladeira Pés descalços no barro ou no asfalto Devia ser só brincadeira! É, cresce menino ao estalo do açoite Suor retinto no acalanto de uma noite Enluarada, difícil de serenar E hoje é tinta fria na parede Pelas ruas do rio Na venda um assobio Pra comprar um pão Nas calçadas do rio Qual criança dorme sem canção? Eu vou pedir licença ao cruzeiro À ibejada que a Bohêmios canta A luta vai além do cativeiro Abre a porta do terreiro E vem ouvir meu samba!